Um dia estes olhos da alma vão se fechar e para o corpo será
apenas escuridão.
O peso do mundo não vai mais existir, os braços não vão ter
ossos, serão pura intenção, a fala não vai precisar da língua, basta o
pensamento puro.
O abandono do corpo será sutil, levando o tempo que
precisar, as camadas dos erros têm densidade a parte e as mentiras tornam tudo
muito elástico, com paz e olhos fechados, se eleva à cura.
Os pés deixarão de tocar o solo e tudo será fora da explicação
racional, o entendimento se dará pela dinâmica de consciência para o universo,
será tudo razão ou emoção?
Naquele momento o corpo servirá a terra, de onde todas as
coisas vivas nascem e que inevitavelmente um dia retornam e assim segue o
incansável rio da vida, nada é perdido tudo é transformado.
O existente será abandonado, na bagagem levarei minha consciência,
para as respostas o meu silêncio e muita leveza, resignação e amorosidade para
projetar a verdadeira pátria, a casa na colina, a árvore frondosa e o canto de
leitura.
Abandonar o corpo é tirar a casca do ovo, levantar os véus
da verdade, abraçar o infinito, voar ao encontro de tudo, retomar o antigo que
agora é novo e de fato se tornar invisível aos olhos cegos da matéria.